Domingo, 26 de setembro. Segundo dia da nossa viagem pelo sul do Chile…
Para ganhar tempo, deixamos Santiago de avião rumo a Chillan. De carro, seriam quase quatro horas de estrada. Apesar do nosso livro guia indicar a existência de boas vinícolas nesta rota, abrimos mão e embarcamos em um voo doméstico low cost da Sky Airlines. Reservamos as passagens aqui no Brasil por meio do site. Nosso desembarque foi em Concepción, cidade mais próxima de Chillan. Na época o trecho custou cerca de 70 dólares. Nosso voo saiu bem cedo de Santiago, às 7h da manhã, nos fazendo madrugar. O voo além de tranquilo, foi confortável e rápido: meia hora. Ah…e com serviço de bordo incluso apesar do trajeto curto. Igualzinho aqui no Brasil….
Chegamos em Concepción em uma manhã de domingo. O aeroporto ainda estava fechado e a ausência de pessoas nos fez pensar que Concepción era uma cidade fantasma. Nem no balcão do Hertz, pela qual alugamos o carro, havia funcionário. O susto passou rápido e logo surgiu um rapaz para nos entregar o pequeno Toyota Yaris com um GPS chileno que muitas vezes nos deixaria na mão. Sorte que levávamos um brasileiro.
Partimos rumo ao complexo de Ski Termas de Chillan onde havíamos feito uma reserva para uma única diária. Termas de Chillan fica longe deste aeroporto, mas se você estiver sem carro, poderá utilizar o serviço de transfer disponibilizado pelo hotel.
Nossa intenção era conhecer Chillan, mas……Sempre que fazemos um roteiro temos que ter mente que algumas coisas na hora não vão dar certo, porque imprevistos SEMPRE acontecem durante a viagem “auto planejada”. E o primeiro deles foi que não deu tempo de conhecer a cidade de Chillan! O tempo perdido no desembarque, a demora para retirada do carro, os ajustes de GPS….tempo precioso que não calculamos em nosso roteiro e que nos levaram a passar direto pela cidadezinha. Mas, frustrações à parte, nosso GPS chileno nos levou direitinho para a estradinha que leva a Terra de Malboro onde fica o complexo Termas de Chillan. Foram quase duas horas de estrada, passando por vilarejos de cabanas de madeira, muito dos quais vazios, e pastos repletos de bovinos peludinhos. Uma cenário bem campestre.
Valle las Trancas é o último vilarejo antes de subirmos para Termas de Chillan, e possui inúmeras opções de cabanas para alugar. Como estávamos no final da temporada de neve, em pleno domingo, o vale estava entregue às moscas. Vimos em nossas pesquisas que na alta temporada, essa região fica totalmente coberta pela neve e a paisagem parece ser completamente diferente. Esta é uma boa opção para quem busca uma hospedagem mais em conta e fica bem pertinho da estação de ski, entre dez e quinze minutos de carro. Chegamos a negociar o aluguel de uma cabana em Las Trancas. A Cabana Los Andes foi uma delas: 50.000 pesos por noite em uma cabana para 4 pessoas. Já a cabana Valle las trancas nos cobrou uma diária de 90 USD. Ambas as cabanas ofereciam transfer até a estação de ski. No entanto, ao visitar a região no fim da temporada, não me pareceu uma boa opção. E certamente não seria, pois tudo indicava que seríamos os únicos vagando por ali!
Passado o vilarejo e após seguir por uma estrada de rípio, a paisagem foi se modificando. Os campos verdes e o céu azul já haviam ficado para trás e agora restos de gelo e neve foram dando o ar de sua graça na beira da estrada, indicando que estávamos no caminho certo. Na realidade a estrada de rípio é uma só. Basta segui-la e subi-la que você não irá se perder.
Finalmente chegamos em Termas de Chillan por volta das 11h da manhã. Um lugar silencioso e lindíssimo, encravado nas montanhas, cercado por bosques e árvores ainda secas pelo inverno. Aqui, a uma altitude bem mais elevada, havia neve profunda por todos os lados em pleno setembro.
Aos pés da montanha ou bem próxima dela, existem algumas opções de hospedagem: blocos de apartamentos para grupos maiores; o hotel nevados de chillan com sua piscina termal, e finalmente, o Gran Hotel. Esse último é na verdade um grande resort que funciona com sistema all inclusive. A estrutura completa inclui um cassino, SPA, restaurantes e piscinas, uma delas de fonte termal. A diária é cara, cerca de 170 dólares por pessoa. No valor estavam inclusos os tickets para o Cassino, as refeições e os tickets para ascensão pelo teleférico da estação de ski que fica praticamente no quintal do hotel e era visível da janela do nosso quarto. A diária é menor se você fechar um pacote por mais dias.
Fomos parar no Gran Hotel por um erro de comunicação. Na realidade queríamos uma opção mais econômica. Quando estávamos reservando o hotel por e-mail achávamos que tratava-se do hotel Pirimahuida, da mesma rede, que é uma opção mais barata em Termas de Chillan. O hotel é menor e em estilo montanhês. Fica um pouco mais afastado da estação de ski e os hóspedes podem utilizar as instalações do Gran Hotel. Mas quando descobrimos essa confusão, já tínhamos até pago as reservas e ficou por isso mesmo. No final foi um excelente engano.


A única coisa ruim do Gran Hotel é que a diária começava somente às 16h. Mas apesar disso, o dia estava lá para ser aproveitado. Não é incomum que as pessoas cheguem bem antes do horário do check in. Deixamos nossas bagagens no hall do hotel junto com uma dezena de outras e fomos curtir a estação. Ficamos inseguros com o procedimento, mas eles cuidaram direitinho delas. Mesmo antes do check in, solicitamos nossos tickets para a estação de esqui. No saguão do hotel, alugamos toda aquela parafernália e as roupas de neve como se soubéssemos o que estávamos fazendo…rs. No ano anterior, fracassamos em nossas tentativas de esquiar em Bariloche, mas agora estávamos decididos a lograr êxito! Teríamos um dia inteiro em uma montanha sem tumulto pertinho do nosso quarto.
Depois de passear pelos belos bosques nos arredores do hotel, fomos com o carro até uma das pistas de ski. Fomos de preguiçosos mesmo, pois dá para fazer uma caminhada até lá. De cara, uma pista tranquila para quem não sabe esquiar….lá não tem a farofada que é o Cerro Catedral em Bariloche e aqui parecia que todo mundo sabia esquiar!
A estação de ski de Chillan fica na cordilheira dos andes próximo ao complexo vulcânico Nevados de Chillan. Este é considerado um dos vulcões mais ativos da porção central do Chile. O complexo é formado por três estratovulcões: Volcán Nuevo, Cerro Blanco e Volcán Viejo. O seu cume mais elevado se encontra a 3.212 metros de altitude. A última erupção foi registrada em setembro de 2003, embora cinzas tenham sido reportadas em 2009. Fonte: volcano.si.edu


Para quem não quer se arriscar na pista tem um bar/restaurante próximo ao acesso principal. Ao lado do restaurante, uma piscina pública de águas termais. Ali também é possível fazer esquibunda numa pequena rampa anexa, mas só havia crianças… Andar de moto de neve ou de trenó puxados por cães Husky Siberiano também são opções no complexo de Ski. Mas estas não estavam disponíveis, talvez porque aos domingos, no final da temporada, nem tudo funcione mesmo.
A estação de ski fechava às 16h ou 17h, por isso no final da tarde retornarmos ao hotel . Como não há muito o que fazer na estação fechada e não há muita civilização nas proximidades (na baixa temporada) resolvemos aproveitar um pouco a piscina termal do Gran Hotel. A piscina, com águas em torno de 40 graus, é acessada por dentro do hotel em uma parte coberta e em determinado ponto ela se prolonga ao ar livre. A porção externa da piscina, bem maior que a interna, tem cascatinha e espreguiçadeiras. Mas na borda da piscina a neve acumulada estava a uma altura que ninguém se atreveria a sair do molho. Com o anoitecer, sob a luz da lua, a piscina foi recebendo mais e mais hóspedes cansados de esquiar.
Na baixa temporada, o Gran Hotel oferece apenas a opção de jantar no restaurante que fica dentro do hotel, apesar de haver outros dois no vilarejo externo. A única coisa que não está inclusa é a bebida. A comida é boazinha, no sistema self-service, mas sem muitas opções: entrada, prato principal e muitas sobremesas.

Olá Carla! Muito bom seu relato. Estou planejando ir para o Sul do Chile agora em Agosto e estou achando inviável ir sem carro. Pela sua experiência, o que acha de ir a Chillan sem carro, e como foi a experiência de dirigir com neve (que é o que está me fazendo desistir de alugar um carro). Queria me hospedar em uma cabana no caminho da estação de esqui, e não sei como faria para ir até a estação de esqui, para a cidade…. Obrigado!
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Olha Luar, Termas de Chillan fica bem no fim de uma estrada, subindo um pouquinho o pé da montanha. Certamente deve ter translados se ficar em uma das opções do resort, mas em cabanas eu não sei te dizer. Deve haver ônibus, mas não me recordo. Lembrando que mesmo as cabanas que existem na estrada, a maioria não fica pertinho da cidade.
Quando fomos não pegamos nenhuma neve na estrada, só um bocado nas beiradas. E mesmo a nevasca que teve na manhã do check out, quando saímos, já tinha derretido a maior parte. Se fores dirigir, nao esqueça a corrente nos pneus.
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Se possível gostaria de uma ajuda, na verdade algumas dicas.
Saindo de Santiago, teremos somente 02 dias para ficar agora em novembro em Chillan, mas pelo que pesquisei, sei que nesta época não há neve, se quer para tirar uma foto ou olhar para o topo de uma montanha com um pouco de neve, isso procede?
Estamos em busca de paisagens e passeios turísticos, será que agora no final da primavera vale a pena conhecer as termas de Chillan? A ideia inicial seria conhecer as piscinas naturais, mas também fazer passeios como por exemplo faremos em São José del Maipo, isso é possível na montanha? O que há de atrativo sem ser as pistas e as piscinas?
Uma outra ideia é ficarmos em alguma cabana, mas como funciona a infraestrutura da montanha, há transporte público, teleféricos funcionando, mercados, padarias?
Não localizei muitas informações nas minhas pesquisas a respeito de infraestrutura e minha preocupação também seria com meus pais que já têm mais idade.
Agradeço toda orientação que puderem fornecer. Muito obrigada!
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Boa tarde Juliane! Agradeço pela visita,mas interrompi este blog no meio do relato do Chile e só estou voltando a ativá-lo agora. Espero que tenha feito uma boa viagem ao Chile e caso ainda não tenha ido, podemos trocar uma ideia.
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