De carro até Embalse el Yeso e Termas del Plomo – o melhor bate e volta em Santiago

Costumo dizer para quem vai ao Chile que o melhor de Santiago está fora de Santiago. E cada vez estou mais certa disso.

Dentre os inúmeros bate-voltas possíveis a partir de Santiago, está oa zona do Cajón del Maipo,  onde localiza-se um cânion andino e também “escondem-se” paisagens impressionantes com rios, corredeiras, lagos e montanhas rochosas.  Um destino perfeito para aventureiros e ecoturistas de plantão. E o melhor: há pouco mais de uma hora de Santiago.

Mas o caminho até alguns atrativos do Cajón del Maipo pode ser tortuoso, razão pela qual a maioria dos turistas segue viagem contratando agências de viagem locais – algumas brasileiras.  E de fato, essa opção é a mais segura e conveniente. Mas nós, ávidos desbravadores (??), resolvemos explorar a região de carro.

Há bastante coisa para conhecer na região, mas o destino de todo mundo sempre converge para a represa Embalse el Yeso. Aproveitamos a rota e esticamos até uma das piscinas termais da região: a termas del plomo.

Nesse post, vamos relatar como foi como chegar de carro até o Embalse el Yeso e Termas del Plomo.

De carro até Embalse el Yeso e Termas del Plomo – o melhor bate e volta em Santiago

Embalse el Yeso – o impressionante lago azul turquesa 

Embalse el Yeso é um lago represado a 2500 metros de altitude. O lago azul turquesa é cercado por montanhas com picos nevados.

A represa foi inaugurada em 1964 e seus 253 milhões de metros cúbicos são a principal fonte de água potável para a região metropolitana de Santiago.

A represa pode ser visitada em qualquer época do ano. Mas dizem que no inverno o cenário fica ainda mais bonito.  Apesar disso, e independente da época, antes de seguir até o lago é preciso verificar as condições climáticas e a situação das estradas que podem ficar bloqueadas por neve, chuva ou lama.

Para você ter uma ideia, um mês antes da nossa viagem, a região sofreu uma enchente em decorrência de chuvas torrenciais que bloquearam os acessos até lá. Uma semana após termos ido de carro até Embalse el Yeso, novas chuvas torrenciais voltaram a causar restrições na área.

O lago está à 73 km de distância de Santiago. Durante a maior parte do percurso, seguimos com tranquilidade utilizando apenas o aplicativo Waze e um GPS – desatualizado. Por incrível que pareça, nossa maior dificuldade foi dirigir em Santiago! Eita cidade mal sinalizada!

E a fatídica estrada de que todo mundo fala? Na realidade, pelo menos até a metade do percurso a estrada não é ruim. Nem teria sido necessário um carro com tração nas quatro rodas se nosso destino fosse apenas ir de carro até o Embalse el Yeso.

O primeiro terço da viagem é bem tranquilo, com estradas asfaltadas e alguns comércios.
A paisagem impressiona e durante boa parte do trajeto, é possível admirar as corredeiras do rio Maipo, e os aventureiros que praticam canoagem nele.

Apesar do nosso atraso ao deixar o hotel, esse seria um passeio de dia inteiro e por isso mesmo, paradas pelo caminho eram fundamentais.

Nós paramos em uma charmosa comunidade, em San Jose del Maipo, e visitamos o supermercado San Jose ( que não é tão super assim…) . Nosso plano era um piquenique em Termas Del Plomo.

Em San Jose del Maipo e até San Gabriel, existem vários restaurantes e opções de hospedagem também.

Charmosa comunidade no caminho

É somente depois de passar por San Gabriel que a estrada de terra e cascalho começa a surgir, muito embora a paisagem andina já se revele bem antes disso.

Em San Gabriel é preciso desviar à esquerda para tomar a rota para o Embalse el Yeso. Há uma plaquinha minutos antes, mas com waze ou gps, não há com o que se preocupar.
No início do Camino Emblase el Yeso, a estrada ainda é asfaltada.

Durante a primeira metade do percurso, a estrada não é nada intimidante.Mas na medida em que você se aproxima da represa Embalse El Yeso, o passeio começa a se transformar em uma aventura exigindo perícia do motorista da vez.

A estrada de terra, sinuosa e em más condições é um indicativo de que o lago se aproxima.
Mas o primeiro sinal de verdade é esse!

Assim que você chega na “cabeça” do Embalse el Yeso,  o queixo cai!

Nossa primeira parada para fotos foi no início da barreira. Encostamos a picape onde deu e ficamos algum tempo por ali antes de seguir pela estrada de terra que contorna o lago.  Quando chegamos, encontramos algumas excursões fazendo um piquenique no mesmo local.

A primeira parada é justamente próxima à barreira que represa o lago

É importante não se contentar com esse visual e pegar o queixo de volta, porque tem mais pela frente. É absolutamente necessário seguir adiante para você ter ideia do tamanho do lago e continuar apreciando a paisagem.

Dirigir por uma estrada de terra estreita e sinuosa , beirando um precipício, definitivamente vai provocar dor de barriga em muita gente, principalmente quando um carro, ou pior, um caminhão, se aproximar no sentido oposto ao seu. E isso aconteceu várias vezes conosco. Nessa hora, é preciso dar aquela encostadinha e deixar o outro passar.

Dirigindo contornando o lago

Imaginei que dirigir por ali com qualquer resquício de lama ou neve teria sido adrenalina demais para mim.

Observei que algumas (poucas) pessoas encostam o carro no meio do caminho, à beira do penhasco. Mas, não sei se a ideia é boa. De qualquer forma, no final do percurso a estrada começa a se nivelar com o espelho de água , sendo possível estacionar com segurança e chegar na beira.

Trecho onde a estrada começa a se nivelar com o lago. Da até para congelar os pés na água!
Uma das partes mais bonitas é justamente no final, quando a água assume diferentes tonalidades de azul e verde!

Nossa segunda parada seria o “oásis” Termas del Plomo situada literalmente no fim do caminho, ou melhor, bem depois do fim do caminho.

Termas del Plomo – literalmente o oásis do Cajón del Maipo

Chegar de carro em Termas del Plomo não é para qualquer um.  Eu me preocupo sempre que o google maps não mostra mais estrada. Mas é claro que não significa que não há uma!

Passado o Embalse el Yeso, e depois de nossa parada para molhar os pés, seguimos adiante pela estrada de terra que o google não mostra. No caminho, atravessamos córregos que deram um toque extra de emoção ( o vídeo está la no nosso Instagram! )

Durante o percurso de quase duas horas, é preciso atenção por conta da estrada e para não perder as três referencias de que estás no caminho certo.

A primeira referência é o letreiro do parque.

Para acessar a Termas del Plomo é necessário pagar um ticket  que, no nosso caso, como não havia ninguém para cobrar, não pagamos. (Sorry!!)

Depois de passar pela cancela de cobrança na entrada do Parque Valle del Yeso, a coisa começou a ficar ainda mais radical.  Ali começamos um rali, e a tração nas quatro rodas foi um diferencial.

Último pedaço da estrada de terra que leva ao sopé da montanha onde fica termas del plomo

Lá pelas tantas, nos deparamos com a primeira dúvida sobre a rota desde o início do dia. Uma bifurcação nos surge no meio daquele nada onde nos encontrávamos. E agora, faz o quê ????

A segunda referência é a ROCHA!

A primeira “placa” nessa estrada é um rabisco em uma pedra.

A rocha indica o caminho que leva a uma mina e o caminho que leva até a termas del plomo. Seguimos o caminho da direita.

No percurso, dirigimos por lindos vales, apreciando um cânion logo abaixo, e as montanhas que se aproximavam de nós. A estrada, a essa altura, era bem ruim.  Sobe, desce, atravessa poças, olha a curva, olha o carro que está vindo – não dá para passar dois! Foi mais ou menos assim…

Até que a estrada acabou!

Perceba que a estrada vai acabando…

A terceira ( e última ) referência é a SETA!

Estávamos num belo vale com solo de cascalho por onde corriam também alguns riachos. Onde quer que fossemos, havia uma poça para atravessar. Não víamos nada de termas e nem ninguém. No sentido da placa, o que víamos era uma generosa poça cuja profundidade era suficiente para que duvidássemos se era mesmo para atravessar.

Segunda placa no final da estrada apontando para o nada. E é em direção ao nada mesmo que vc tem que dirigir.
E agora, vamos para onde?
A beleza do inóspito

Arriscamos seguir em frente e depois de algumas idas e vindas naquela terra de Malboro, resolvemos atravessar o córrego em direção às montanhas próximas. Minutos depois, encontramos a piscina natural e estacionamos. Havíamos chegado em Termas Del Plomo.

Literalmente o fim do caminho. Riachos e poças termais. Ao fundo, o que parece ser uma geleira.

Escolhemos essas termas, pois ela nos pareceu ser a mais natural das três da região do Cajón del Maipo. Mas além dela,  tem ainda os Baños Colina e os Baños Morales, porém em uma rota totalmente diferente dessa.

Termas del Plomo possui três poções alimentados por uma cascata de água quente que é cuspida pelas rochas. Essas águas são aquecidas pelo Vulcão São José.

A maior das três piscinas.
A menor, mais rasa e cristalina.

O passeio até as termas tinha tudo para ser incrível. Estávamos animados para passar a tarde relaxando em águas quentinhas e sem ninguém por perto.  Mas…não foi bem assim, exceto pela exuberante paisagem. Se soltássemos ali alguns pinguins, eles estariam no paraíso! Nós, estávamos congelando mesmo!

A geleira que podíamos ver por trás da montanha soprava um vento glacial e a água, para nossa frustração, não era assim tão caliente. Podemos dizer, no máximo,  que era morna. Mas com aquele clima, e às 15h30 da tarde, era preciso borbulhar para conseguirmos entrar na água. Vulcãozinho preguiçoso esse São José, viu?!

Além disso, havia uma estrutura precária e imunda de chuveiro e banheiros: cenário perfeito para mantermos nossas roupas no corpo e deixarmos o banho para outro dia.

Nos restou então ficar ali curtindo a paisagem, fazendo nosso lanche e tomando nossos Mojitos Ice ( um achado!!!). E óhhh….isso nos valeu o passeio!

Vimos que algumas pessoas subiram uma rocha que leva a uma trilha em direção à geleira. Mas nós não tínhamos muito tempo sobrando. Queríamos retornar com o dia claro. Mesmo assim, fiquei com a impressão de que aquela caminhada reservava uma boa surpresa!

Resumo da ópera: em termos de termas, del plomo não é das melhores. Em termos de paisagem e aventura, a jornada até lá foi incrível.

A piscina super rasa onde fica a cascata. Água mais límpida e mais quentinha das três.

 

 

  • Para quem avança em direção às Termas del Plomo, as autoridades chilenas recomendam avisar aos Carabineros del Retén de San Gabriel sobre o dia e horário de retorno, como medida de segurança.
  • A melhor época para seguir viagem até Termas del Plomo é durante a primavera e o verão.
  • Para usufruir das termas, não esqueça a roupa de banho e as toalhas. Um casaco corta vento com capuz pode ser igualmente necessário.
  • Na ida ou na volta, fique ligado no Túnel mal assombrado Tinoco. Atravesse o túnel e dê um alô para o Willy – o espírito que fala através dos cata-ventos.
  • Não faça esse roteiro de carro em dias chuvosos, pós-chuva ou com previsão de chuva.  Com neve, procure uma agência que possa fazer essa rota.

 

 

 

 

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31 comentários em “De carro até Embalse el Yeso e Termas del Plomo – o melhor bate e volta em Santiago

  1. Boa tarde. Vou viajar no final de Novembro para o Chile e fiquei bastante curiosa sobre este percurso. Será que em Novembro é uma boa altura para fazer esta rota? Li também que os acessos até ‘Embalse el Yeso’ estariam encerrados por tempo indeterminado. Obrigada por partilharem as vossas histórias connosco 🙂

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    1. Oi Inês!
      Então , novembro já é quase verão né. Imagino que seja uma boa época sim. Sobre o fechamento dos acessos eu realmente não sei dizer se ocorreram ou ocorrerão. Caso as agências estejam vendendo passeios para esta época pode ser um indicativo de que a estrada está liberada.

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  2. uma dúvida.
    Sobre a parte em que só passa um carro, como vocês fizeram ??
    Foram mais cedo, voltaram junto com as vans ?
    Meu único receio é este, encontrar alguem na contramão que não queira colaborar.
    É muito longa essa parte estreita?
    valeu

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    1. Jonathan, quando fomos nem pensamos na questão do horário, até pq nem sabíamos que a estrada tinha esse tipo de perrengue. Fomos no horário em que a maioria das vans já estava lá ou em qualquer outro lugar, mas isso não impediu de cruzarmos com alguns pequenos caminhões no caminho estreito. As pessoas colaboram pq não tem alternativa, e se vc encostar bem, o outro passa, mas que me deu medo, deu.
      Penso que esse trajeto é para quem tem muita segurança na direção. Sozinha, sem meus dois amigos que também dirigem, eu não o faria. Aliás, nem fui eu a motorista da vez.
      Essa parte da estrada é justamente a que margeia o lago el yeso e a gente acabou não fazendo paradas no caminho. Paramos no início da estrada e quase no final, quando o precipício acaba e é possível descer até a beira do lago.

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    1. Nathalia, às vezes no momento da reserva já fica sinalizado o valor do caução/deposit. Esse valor pode variar e ser até 2x o valor da reserva. Mas não me recordo o valor exato dessa reserva. Confesso que nunca observo isso. Apenas dou o cartão e vou embora …rs. Nunca tive problemas em nenhuma cidade brasileira ou país …

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  3. Olá!

    Estou indo para o Chile em janeiro, e gostaria de saber quanto foi o aluguel do carro e por qual agência vocês alugaram ele..

    Parabéns pelo post, muito bom!

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    1. Oi Bruna!

      Nós costumamos alugar pelo site Rentcars.com pq eles trabalham com boas locadoras e oferecem a opção de parcelamento. Nós já pegamos carros da Hertz, Avis, Budget, Alamo. Todas estas são boas locadoras que operam no Chile.

      Acessa o site e faz a comparação de preços, pq eles variam muito conforme a data, local de retirada e antecedência da viagem.

      Obs.: Todos os links para o rentcars.com que estão no nosso site, redirecionam um pequeno comissionamento que ajuda a manter o site asaspraquetequero.com, caso você alugue seu carro por um deles.

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  4. Ola, voce foi quando pra Termas del Plomo? A agua não estava quente mesmo ?
    Estamos indo semana que vem pro chile… Gostariamos de saber se seria melhor então ir para Termas Colina do que a Termas del Plomo.

    Obrigada desde já ! Adorei suas considerações 😉

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    1. Oi Nat! Que bom que curtiu!
      Estive na Termas del Plomo em Abril desse ano. Definitivamente a água não estava quente como gostaríamos para conseguir tirar a roupa naquela brisa glacial!
      Eu imagino que agora a temperatura ainda está mais fria na região, mas não sei te dizer se há variação na temperatura da água conforme a época.
      Termas del Plomo fica em um cenário bem lindo e “selvagem”. Já a Termas Colina me parece ser mais popular, mas tb não sei quanto à água de lá. Se visitar, depois passe aqui para nos contar!

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  5. Excelente post Carla! Perfeita a sua descrição!
    Ah… Nas dicas úteis acrescentaria também levar água e algo para comer, porque não há nada no local, além de não esquecer o protetor solar e os óculos de sol, mesmo no frio, pois não existem sombras e o sol pega firme no rosto. 😉

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  6. O Chile é um país sensacional mesmo! Nunca tinha ouvido falar desses lugares e que ficam não tão longe deSantiago, adoro me enfiar em uma aventura.. e quem sabe quando eu conseguir voltar pra lá também não vá visitar esses lugares! ❤

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  7. Ai que gostoso esse post. Me deu uma saudade da minja visita…mas fui no inverno, não conheci as termas. Mto legal.

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