No dicionário, a palavra oásis deveria vir ilustrada por uma fotografia do nosso exuberante Jalapão.
Escondida quase no centro do Brasil está a nossa savana, o nosso cerrado, lindamente decorado por chapadas, dunas, corredeiras, cachoeiras e nascentes de uma transparência que pouco vi igual até hoje. Pela abundância de fontes de água subterrânea – os fervedouros -, o Jalapão é também chamado de Deserto das Águas, expressão que casa perfeitamente com os contrastes naturais da região.
Por ali tudo é ainda bem selvagem e preservado, graças a Deus. O acesso é penoso e a viagem é longa devido ao estado das estradas de terra e areia, e também pela sinalização precária. A falta de infraestrutura, aliás, é bem-vinda. Não fosse isso, talvez, nosso Jalapão já não seria tão precioso assim.
O Jalapão está na parte leste do Estado do Tocantins e ocupa uma área de 53,3 mil km2. O Parque Estadual do Jalapão, criado em 2001, compreende uma unidade de conservação na qual a exploração dos seus recursos é restrita. O Parque está situado no núcleo da região do Jalapão, no município de Mateiros e possui 158 mil hectares.
Para fazer esse roteiro de 4 dias, foi preciso contratar uma agência local com guia experiente e veículo com tração nas quatro rodas, capaz de fazer os longos percursos na superfície lunar do Jalapão, muitos dos quais totalmente off-road.

Essa é a maneira mais segura de fazer essa viagem, principalmente quando é a primeira vez.
Diversas agências sediadas em Palmas, no Tocantins, fazem roteiros a partir de 3 dias pelo Jalapão, no entanto, para uma experiência mais personalizada fechamos um carro só para nós, que éramos quatro.
Para aproveitar os fervedouros da região o ideal é mesmo viajar com grupos pequenos, uma vez que esses locais limitam a quantidade de pessoas na água, e por consequência, a duração do banho.
Outra dica que deixo pra vocês é fazer o roteiro começando na segunda ou terça-feira de forma a evitar os finais de semana quando a região recebe mais grupos. Nós deixamos Palmas na manhã de segunda e retornarmos quase à meia noite de quinta e por diversos momentos, tivemos a sensação de ter o Jalapão só para nós.
Roteiro de 4 dias pelo Deserto das Águas
Desde o começo nossa missão na expedição Jalapão era conhecer o maior número de fervedouros possíveis, já que nunca havíamos boiado em um. Portanto, fechamos um roteiro de quatro dias no qual visitamos seis fervedouros, dentre outras paradas para banhos, tão deliciosos quanto. Veja a seguir o nosso itinerário do primeiro dia de um roteiro de 4 dias pelo deserto das águas.
Dia #1 – De Palmas a Ponte Alta do Tocantins: Lagoa do Japonês e Pedra Furada
O calor em Palmas já era de matar, daqueles que torna impossível permanecer mais que alguns minutos longe de um ar condicionado. Uma degustação do que seriam nossos dias no Jalapão.
Deixamos o Hotel Araguaia (maravilhoso!) por volta das 7h para uma looonnga viagem até a Lagoa do Japonês – um desvio de rota mais que agradável para o primeiro banho cristalino do roteiro.
A Lagoa do Japonês não fica no Jalapão, mas na região da Serras Gerais, próximo da pequena cidade Pindorama de Tocantins.

Chegando lá, havia uma lagoa de água verde esmeralda só para nós e para uns peixinhos esfomeados que insistiam em nos bicar deixando claro que ali não era o nosso lugar. Desconfortos iniciais à parte, por ali, a boa é nadar e andar de caiaque ou barco até uma gruta escondida em uma das extremidades da lagoa. Um lugar belíssimo onde a água ganha uma tonalidade azul escuro, mas ainda transparente.




Deixamos a lagoa do Japonês por volta das 14h e paramos para almoçar na casa da dona Minervina. O almoço caseiro, bem servido e saboroso foi servido com a mesma simplicidade que a vida é levada no sertão, algo notado tão logo se avistam os casebres com tijolos aparentes e telhado de palha. A mesa foi posta numa varanda com uma vista para o pasto e para o curral com uma galinha caipira protagonizando o cardápio, acompanhada por arroz, feijão, pirão, macarrão (delicioso!), salada de batata e cenoura, e mandioca/aipim/macaxeira frita.
Seguimos a estrada com uma breve parada, horas depois, na cidade de Ponte Alta, uma das bases para pernoite na maioria dos roteiros.

Ao entardecer, nos dirigimos para Pedra Furada onde a promessa por um pôr do sol espetacular foi levemente frustrada pelas nuvens que insistiram em se sobrepor ao lindo sol do cerrado.

A pedra furada é uma formação rochosa que se destaca por quilômetros no planalto e é facilmente acessada, não demandando quase esforço físico. Qualquer um pode ir até o mirante natural formado em uma das suas extremidades.



Resumo do primeiro dia:
Dia 1: Palmas – Ponte Alta
- Lagoa do Japonês
- Pedra Furada
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